Quando me perguntam o que eu não gosto em mim e respondo que é a humanidade, tem gente que se choca, mas eu pergunto de volta, como é que eu posso gostar do que me assemelha aos outros com ideias e mentes tão vazias, tão restritas e tão cheias de falhas ignorantes? É difícil se orgulhar e falar que eu adoro "ser" humano quando me lembro de tudo o que aponta contra. Cada cabeça uma sentença? Ok. Mas tem que ser sentença de morte? Tem que ser sentença de segregação? Tem que ser uma sentença de desamor? De desafeto? De extremismo? De discriminação? De preconceito? De divisão? De violência? Não esqueçam que o esqueleto é igual dentro de todos. Que todo mundo nasceu a partir de uma relação sexual e de uma gozada. Que todo mundo tem urina e cocô pra por pra fora. Que todo mundo vai morrer e deixar tudo pra trás. E é quando eu me lembro dessas igualdades que me preocupo menos em dizer que gosto de "ser" humano.
"O repúdio de (parte) do público a esta fase da cantora é, em minha opinião, um sinal do sucesso da empreitada. Afinal, se não houver pessoas incomodadas é porque não se conseguiu meter o dedo na ferida. E, mais, se os incomodados são os conservadores e a elite branca, melhor ainda: Beyoncé acertou em cheio. Por isso, não acho que Beyoncé esteja particularmente surpresa com a animosidade gerada pelo seu novo trabalho. Ao abraçar sua negritude, pela primeira vez, assim, de maneira tão explícita, a diva sabia que, assim como Nina, e assim como as Isauras, no Brasil, ou nos EUA, no terceiro ou no primeiro mundo, a pele negra vem com um preço alto que o racismo impõe. A sorte, neste caso, é que Beyoncé uma negra deslumbrante, talentosa e multimilionária: ela tem crédito de sobra para pagar a conta dela e, se tudo der certo, das negras e dos negros que vierem depois." Publicado por O POPSOCIALISTA on 12 DE FEVEREIRO DE 2016.
https://popsocialista.wordpress.com/2016/02/12/formation-o-racismo-descobriu-que-beyonce-e-negra-e-nao-vai-perdoa-la-por-isso/
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