O pedófilo avança aos poucos, recua, avança com cuidado novamente. [...] Em inglês, existe uma palavra para definir a estratégia de sedução do abusador de menores: grooming.
O pedófilo se comporta como um protetor, um líder, uma fonte de inspiração.
Abusos sexuais são mais domésticos e mais rotineiros do que as pessoas imaginam.
Muita gente pensa que o pedófilo é um ser estranho, desconhecido que um dia surge do nada e aborda a criança de surpresa, em algum lugar isolado.
A pedofilia envolve um adulto e uma criança. O adulto é capaz de entender o que é pedofilia.
A pedofilia, portanto, não envolve uma relação de igualdade, mas de subjugação, de domínio do adulto sobre a criança.
Não tinha maturidade física nem psicológica para passar pela experiência de ser abusado sexualmente.
É muito difícil confessar isso, mas havia um lado meu que ansiava por eles. [...] Não é fácil explicar que havia atração e repulsa.
As chances de uma pessoa nessa situação explorar sua sexualidade com alguém que esteja muito próximo e que ela admire são muito grandes.
Pela primeira vez senti que não havia afeto e que, na verdade, eu estava sendo usado para satisfazer seu desejo doentio.
Passei a me sentir desconfortável e sem forças para reagir. [...] como eu poderia explicar alguma coisa, fosse para o maestro, fosse para minha família?
Ele não contava com o fato de eu ter me preparado para aquele momento, para a primeira insubmissão.
Se uma criança conta que está sendo vítima de um abusador [...] se um adulto revela que foi vítima de um abusador [...] no primeiro (caso), perde-se a noção da importância do apoio à vítima; no segundo (caso), a consciência da urgência da ação contra o abusador.
As denúncias de casos de pedofilia, quando ocorrem, são tardias.
Livro 03/2021
26/02/2021
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